Por: Antonio Marcos D'Ávila
Buenos, povo! De passada pra falar de um assunto que tem pipocado em vários cantos na Web nesse últimos meses: A volta dos discos de vinil, ou do "vinil", como preferir.
O site G1 (da Globo) publicou semana passada o resultado de uma pesquisa que aponta um crescimento da venda desses produtos no Brasil, algo que segue uma tendência mundial.
O fato é que, alem dos grandes clássicos (que em edições raras são vendidos na internet a alguns milhares de Dilmas), existe um grande numero de artistas brasileiros preparando seus lançamentos no formato "Bolachão", como O Rappa e muitos que já lançaram, e relançaram suas obras nesse formato como as bandas Cachorro Grande e Pitty, ambas do selo Deckdisk, empresa que banca a unica fabrica de vinis do Brasil, a Polysom.
A grande pergunta é: Estaria o disco de vinil voltando com força no mercado a ponto de desbancar a vendagem do CD, que ainda é líder no país, e ainda, de acabar com o download?
Um Pouco de História...
Em 1988, quando eu dava meus primeiros passos, o CD também dava as seus, e o seu lançamento foi acompanhado de grande publicidade, tendo como publico alvo os amantes de musica clássica, devido ao preço elevado dos aparelhos reprodutores e ao "som cristalino" das mídias, a tal ponto que, segundo própria divulgação, poderia se ouvir os gemidos do pianista chileno Claudio Arrau no seu primeiro lançamento digital(!!) Acreditava-se que os fãs de Rock e Pop (camada mais popular, digamos assim) não teriam interesse nesse novo seguimento, mantendo-se como fieis consumidores dos vinis e das baratas (re)gravações em fitas K7. Mas eles estavam tão enganados...
Os seus criadores nunca imaginaram que a industria da computação e do entretenimento iria também optar pelo CD como forma de distribuição e armazenamento de conteúdo. Logo a mídia se tornou a mais popular entre todos os artistas e gravadoras devido a clareza sonora e ao preço dos aparelhos pra se reproduzir, que caíra consideravelmente. Até aí, tudo lindo, o som digital do novo milênio a preços bacanas e praticidade sem igual, o vinil passou a ser algo obsoleto, era o auge de uma era de ouro, de prateleiras cheias e variadas nas lojas de departamento e de aparelhos com capacidades para 3 ou 5 CD's simultaneamente. De lançamentos dos Raimundos e Ivete Sangalo a reedições de Beethoven e Tom Jobim, tudo passava pela famosa (e destrutiva) "remasterização digital".
Discman: Um clássico da era do ouro do CD
Discman: Um clássico da era do ouro do CD
Você podia "passar" as musicas do CD pro seu microcomputador em formato .wav (Wave). Cada musica se tornava um arquivo com, em media, 50mb, hoje não parece grande, mas para os computadores da época com 10gb de espaço em disco rígido, e internet discada, na maioria das vezes, tornava o compartilhamento inviável . E foi na intenção de resolver isso, que alguém muito esperto, criou o MP3.
Antes do MP3, a melhor maneira de compartilhar musica era gravar o conteúdo do CD numa dessas e mandar pro seu amigo pelo correio.
O novo formato permitia salvar as musicas com uma compressão muito maior, "descartando" frequências que nossos ouvidos não percebem, o que antes ocupava 50mb, ocupava agora 2 ou 3mb, o suficiente para iniciar uma revolução no compartilhamento e na popularização da musica pela internet, o "P2P" difundido por Shawn Fanning e seu famoso Napster.
O cantor Justin Timberlake viveu Shawn Fanning no filme sobre a história do Facebook - The Social Network
O preço a se pagar era um áudio com muito mais perdas, digamos assim, mas que nada pesava perto do beneficio de ter um seu computador uma biblioteca com 500 ou 5000 musicas ao alcance de 2 clicks no seu Winamp, e o melhor de tudo, grátis!
Grátis? Peraí, alguém estava pagando por isso. E os músicos, e os produtores, e as horas de estúdio, e os equipamentos, direitos autorais, impostos, copias, divulgação, distribuição, empresários e tudo que envolve o lançamento de um álbum, quem pagava essas contas?
O Mp3, foi como um furacão, que massacrou, não só a qualidade do áudio, mas a industria, que na tentativa de sair do buraco, elevou o preço final dos CDs, causando o efeito contrario, levando alguns selos de distribuição a fecharem suas portas. Pra compensar a perda na arrecadação, a industria diminuía o investimento em bons equipamentos, e demitia grandes profissionais e isso refletiu muito na qualidade da música. O que diretamente ou não, aumentava a quantidade de musicas ruins, que se espalhavam pela facilidade no compartilhamento, ao passo que muita gente encontrava nos "4shared da vida" coisas raras e de boa qualidade, e que muitos artistas pequenos (que nunca teriam chance de chegar a uma grande gravadora) apareciam para o mundo. Era a facilidade e a falta de qualidade, a quantidade e falta de critério, uma faca de 2 (le)gumes, como tudo na internet.
As companhias mais poderosas compravam os selos menores e seus catálogos e as pequenas que resistiram se viram forçadas a entrar nessa dança virtual, a era tentativa de instaurar o download pago. Artistas conceituados como a banda Radiohead foram pioneiros no esquema "ouça e pague quanto você achar que vale". Arriscado? Nem tanto quando não falamos de Brasil...
O país é o vice-líder mundial no ranking da pirataria, posto vergonhoso que ocupamos, muito, creio eu, devido a essa coisa de jeitinho Brazuca - Se podemos ter de graça, por que pagar não é mesmo?
Você na sua casa, de boas, ouvindo aquele CD do Daft Punk que acabou de baixar, chega um federal e te diz: Parado em nome da lei!
Já pensou?!
Você na sua casa, de boas, ouvindo aquele CD do Daft Punk que acabou de baixar, chega um federal e te diz: Parado em nome da lei!
Já pensou?!
Bom, vai pensando aí e pode comentar se quiser. Na segunda parte desse texto a gente trata do momento atual, e tenta entender pra onde vai a industria musical e responde aquela grande pergunta lá em cima.
Então tá? Falou!
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